Cálculo na Vesícula

20.08.2020

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Cálculo na Vesícula

20.08.2020

A presença de cálculos na vesícula biliar é chamada de Colelitíase. Esses cristais ou cálculos merecem atenção especial dos pacientes e especialistas, pois podem, quando grandes, obstruir o fluxo de saída da bile e causar inflamação da vesícula biliar (colecistite). Por outro lado, cálculos menores podem causar coledocolitíase, caso migrem para a via biliar que comunica a vesícula e o fígado ao intestino, passando pelo pâncreas, onde, por sua vez, é capaz de provocar infecção nessas vias biliares (colangite) ou inflamação no pâncreas (pancreatite). Além de que, cálculo grande é um fator de risco para neoplasia de vesícula biliar com o passar dos anos.

Os cristais podem ser formados por uma grande variedade de substâncias, porém as mais comuns são: pedras negras: formadas por sais de cálcio e bilirrubina; mais comuns em portadores de anemia, cirrose e infecções no trato biliar. Pedras amarelas: pedras de colesterol, mais comuns após perdas bruscas de peso. Podem ser esverdeadas, se contém biliverdina, o precursor da bilirrubina. Pedras marrons: caracterizam a maior parte dos casos, cerca de 80%, contém colesterol, bilirrubina, sais de cálcio e bactérias.

Os cálculos variam bastante em forma e tamanho, dependendo de sua composição. Os pequenos são mais perigosos, pois podem migrar e obstruir os ductos, mas os grandes podem irritar a vesícula em longo prazo ser um fator de risco para câncer. Na vesícula, são formados vários cristais pequenos, ou um único cristal grande, na maioria das vezes.

A Colelitíase se forma, geralmente, quando há modificação da composição dos seus componentes: colesterol ou pigmentos biliares, ou proteínas, ou fosfolipídios. Assim, os fatores de risco são: mulheres em idade fértil, mais de 40 anos, sobrepeso ou obesidade, gravidez, dieta rica em gordura, dieta rica em colesterol ruim, dieta pobre em fibras e rica em carboidratos, história familiar de cálculos, diabetes ou intolerância à glicose, perda de peso muito rapidamente, jejum prolongado, cirrose, doença de Crohn e alguns medicamentos, principalmente com estrogênio.

A maior parte desses pacientes não apresentam sintomas por muitos anos, sendo descobertos, os cálculos, em exames de rotina ou solicitados por outros motivos. Em 25% dos casos, os sintomas são de dor abdominal em cólica, mas, quando numerosas ou muito grandes, as dores podem se intensificar rapidamente na parte superior direita do abdômen, centro superior, dor nas costas podendo, até, irradiar para o ombro direito. A ultrassonografia, sendo um exame com alta sensibilidade para o diagnóstico e quando associado com alguns exames laboratoriais, podem sugerir alguma migração das pedras para os ductos biliares.

A dor pode durar de vários minutos a algumas horas ou, em casos mais complexos, a persistência dela associada com febre ou pele e conjuntiva amareladas (icterícia), necessitam de uma investigação mais detalhada de migração.

Nos casos sintomáticos, analgésicos e anti-inflamatórios aliviam a dor, mas o tratamento de escolha é a remoção total da vesícula biliar, chamada de colecistectomia, principalmente nos quadros agudos de inflamação. Nesse caso, a opção indicada seria por videolaparoscopia, exceto em pacientes extremamente graves, que devem submeter-se apenas à drenagem da bile e antibióticos.

Outras formas de tratamentos encontradas na literatura, como litotripsia, antiespasmódicos, anticolinérgicos, ácido desoxicólico ou ácido ursulcólico, e outros, dependem do tipo do cálculo, da função da vesícula e do estado do paciente, devendo ser utilizadas em casos específicos. Os resultados das modalidades não cirúrgicas apresentam altos índices de recorrência, não evitam sintomas e não apresentam os bons resultados do tratamento cirúrgico, assim não são utilizados na rotina clínica.

A decisão de cirurgia para os cálculos assintomáticos, deverá ser baseada na condição clínica do paciente, no aspecto e tamanho dos cálculos, nas sintomatologias associadas e na presença de outras doenças, principalmente do estômago, devendo o paciente fazer uma avaliação com um especialista para que seja ponderado o risco e o benefício do procedimento e sanadas suas dúvidas, visto que, a conduta deverá ser direcionada para cada caso.

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Dr. Marcelo Gonçalves Sousa

Cirurgia do Fígado e do Pâncreas | Cirurgia Bariátrica e Metabólica | Cirurgia do Aparelho Digestivo
CRM/PB 5438 | RQE 5106 / RQE 3478
CRM/PB 5438
RQE 5106 / RQE 3478